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Tempo de leitura: 8 min
O tempo é nosso aliado e é importante entender como usá-lo a nosso favor. No varejo, o reflexo do tempo está na assertividade e velocidade das ações que são implantadas, pois assim se têm retornos imediatos para o resultado do negócio.
Quando falamos em turnover no varejo, também precisamos de velocidade e assertividade nas ações. Mas, sabemos que não é nada fácil entender e organizar quais frentes você precisa olhar e o que precisa fazer para reter as pessoas. Mas a boa notícia é que é possível e separei tudo o que você precisa saber neste post.
Durante a leitura, vou compartilhar 5 pilares essenciais que você deve acompanhar na sua operação e que impactam diretamente na retenção das pessoas, sem segredo, sem mistério e assertivo. Além disso, vou dar algumas dicas de ações que você pode aplicar para ter um bom indicador de turnover.
Aproveite e boa leitura!
Sem dúvidas, você já deve ter ouvido falar em persona. Trata-se de uma representação fictícia de determinado público: cliente ideal ou até colaboradores de uma empresa. Para criar uma persona é necessário se basear em dados reais de comportamento, demográficos, sonhos, objetivos e desejos.
E o que isso tem a ver com turnover? Tudo! Vou te contar o por que.
Segundo o Novo Caged, sistema de divulgação de informações sobre emprego formal do governo federal, a faixa etária que apresenta um dos maiores índices de desligamentos no acumulado de 2022 é de 18 a 24 anos, cerca de 3.073.507 de pessoas. E quando olhamos para o maior índice no grau de instrução de todas as faixas etárias, cerca de 7.363.337 pessoas desligadas tinham apenas o ensino médio completo.
No varejo, esta faixa etária tem uma grande representatividade. Um exemplo: Quando falamos de lojas de shopping, grande parte dos times são compostos por jovens destas idades, que concluíram o ensino médio, estão cursando sua primeira graduação ou ainda tentando entender o que desejam para sua carreira. Neste exemplo, um jovem de 22 anos, que está trabalhando no shopping para pagar sua faculdade e que sonha em ter sua própria loja, poderia ser a nossa persona.
O que eu quero dizer é que quanto mais você conhece e entende por quem o seu time é composto, quais são seus sonhos, suas motivações, seus valores e propósitos, mais você consegue ser um apoiador dessa jornada de crescimento. Isso tem tudo a ver com retenção, porque as pessoas não ficam apenas pelo salário, elas ficam em ambientes que apoiam seus sonhos, que contribuem para o seu desenvolvimento e ajudam a chegar nos seus objetivos, alinhados com seus valores pessoais.
Quando digo “ser um apoiador dessa jornada”, estou falando de construir pontes: Onde o seu negócio quer chegar x onde seu colaborador quer chegar. Por isso, investir em ações que estimulam o desenvolvimento é fundamental, por exemplo fazer parcerias com empresas que oferecem cursos online, parceria com professores de inglês, oferecer um plano de treinamento voltado ao desenvolvimento pessoal e profissional, como: gestão financeira pessoal, oratória, como fazer boas apresentações, quais são os indicadores do varejo, como analisar os resultados de uma operação, branding pessoal, etc. Assim, você está criando uma via de mão dupla, você ajuda seu funcionário no seu objetivo pessoal e ele ajuda você a atingir os objetivos do seu negócio.
Faça este exercício: Saiba quem é o seu time, verdadeiramente. Saia da superficialidade e proponha planos de desenvolvimentos para ser um apoiador do crescimento de quem está ajudando seu negócio a crescer.
No tópico anterior você descobriu a importância de conhecer seu time e que as pessoas não ficam em um lugar só pelo salário, existem outros fatores que contribuem para reter um funcionário e aqui vamos falar um pouco sobre 5 pilares que você não pode deixar de olhar no seu negócio, além das ações que você já pode começar a implementar.
Vamos lá!
O erro mais comum de quem está à frente de um negócio é achar que investir em um plano de desenvolvimento só cabe quando sua empresa tiver um médio ou grande porte. Isso não faz sentido, sabe por que?
Desenvolver pessoas não está atrelado a quantidade de funcionários, cada indivíduo é único e tem pontos específicos de potenciais ou de melhorias. Criar e acompanhar o plano de desenvolvimento do seu time é regra básica, seja com 1 ou com 5.000 funcionários. Com este tipo de plano, você potencializa o que ele faz muito bem e desenvolve o que precisa ser melhorado. Com isso, você proporciona um sentimento de gratidão e cria um vínculo importante com seu funcionário. Você está contribuindo para a jornada de vida e não só profissional.
Uma boa dica é criar programas de treinamentos, como citei anteriormente, com uma grade de conteúdos tanto para o desenvolvimento pessoal quanto profissional, focando sempre nas necessidades do seu time.
Lembra do exemplo que usamos da persona?
Nossa persona é o jovem de 22 anos, que está cursando sua primeira graduação e está no seu primeiro emprego. Para criar um programa de treinamento para esta persona é importante você ter a resposta para essas perguntas:
– Quais competências ele ou ela precisa desenvolver para a função?
– Quais são os conteúdos de negócio que ele precisa conhecer?
– Quais ferramentas, sistemas ou metodologias ele precisa aprender?
– Você já teve uma conversa com ele ou ela para entender onde almeja chegar, quais são seus objetivos e sonhos?
– Ele ou ela já fez o exercício de autoavaliação?
Outra forma de complementar o investimento no desenvolvimento dos seus funcionários é disponibilizar cursos online que incentivem o desenvolvimento de competências soft e hard skills.
Uma plataforma que você pode indicar para seu time é o Ted Talks que disponibiliza uma série de palestras em formatos curtos com propósito de compartilhar e disseminar ideais sobre diversos temas: https://www.ted.com/
É importante estimular o seu time para que sejam protagonistas dos seus aprendizados e para isso você pode propor agendas de Trocas de Conhecimento, para compartilhar o conteúdo de um livro interessante, um curso que participou ou um artigo que consumiu. O importante é trocar o que foi aprendido!
Uma vez, ouvi uma frase que traduziu muito bem o significado de cultura para mim: “Cultura é a personalidade coletiva de um time”.
São as pequenas ações diárias que nos dizem qual a cultura daquele ambiente. Por exemplo: Sabe quando você bebe um cafezinho e deixa o copo em cima da mesa? Quando você burla aquela regra para conseguir algo? Ou quando você escolhe tratar bem alguém ou valorizar suas contribuições apenas pelo cargo que ela ocupa na empresa? Nada legal, né? Mas sabemos que isso acontece e muito! Isso tudo traduz qual é a cultura do ambiente que você está inserido, ou seja, o que é feito, como é feito, o que é dito, como é dito, o alinhamento entre falar x fazer, o famoso “walking the talk”.
Cultura tem tudo a ver com valores e propósito e por isso você deve ter claro quais são os seus e de seus funcionários, para que andem alinhados. Se estamos falando que a cultura é a soma de tudo o que você faz e como faz no seu dia, o gestor deve ser o exemplo para conduzir e estimular essas ações diárias.
Então, quando se fala em cultura, a regra é clara: Suas atitudes, o que você faz, deve condizer com o que você fala. Liderança pelo exemplo é sempre o que estimula a cultura do ambiente. Mas quando a cultura do local não condiz com os valores pessoais dos funcionários ou quando ele não enxerga uma coerência nos comportamentos, nas falas e nas decisões, isso causa frustração e leva a decisão de sair daquela empresa.
Por isso, a importância de você monitorar qual é a verdadeira cultura do seu negócio. Invista em pesquisas de clima, clientes ocultos e desenvolvimento da liderança, incluindo também diretores e executivos.
Quer saber mais sobre a metodologia “walking the talk”? Carolyn Taylor é a criadora e uma das maiores especialistas do mundo em mudança de cultura organizacional, além de ser Presidente Executiva da Walking the Talk. Saiba mais lendo o livro: “walking the talk – A Cultura pelo Exemplo”.
O tópico anterior já te deu um bom spoiler sobre este tema!
Pode parecer clichê, mas o líder tem um papel fundamental nesse processo. Tem um ponto bem importante e que eu não posso deixar de compartilhar com você: o líder também precisa de apoio, ele precisa da sustentação da alta liderança da empresa, sem isso ele não consegue praticar o “Walking the Talk”.
Vamos fazer um exercício?
Imagine que você faz parte de uma empresa como vendedor, você tem um gerente e acima dele existe o Diretor, o Vice Presidente, o Presidente e o Conselho da empresa. O seu gerente é alinhado com os valores da empresa e ele tenta colocá-los em prática nas suas ações, porém não tem sucesso. As decisões já tomadas pela alta liderança e que apenas chegam para ele, não se conectam com os valores da empresa, porém ele tem que seguir para permanecer no emprego. Este gerente não tem poder de decisão, ele não é ouvido e não é envolvido nas tomadas de decisões.
A conclusão dessa situação, é que este gerente não consegue influenciar o time, pois suas ações não vão se conectar com o que ele fala, o time vai ficar desmotivado e vão buscar outras oportunidades no mercado. Mas não por culpa do gerente e sim porque a alta liderança não coloca em prática os valores da empresa e isso é muito grave. A alta liderança deve ser a primeira a dar o exemplo.
O que eu quero dizer é que além do líder praticar o “Walking the Talk”, estimular o time para entrega dos resultados e no desenvolvimento pessoal e profissional, a alta liderança da empresa deve fazer o mesmo com ele. O líder também precisa ser ouvido, desenvolvido e poucos olham para isso, então, não cometa este erro. Invista no desenvolvimento da sua liderança, dê autonomia, escute, peça opinião, faça ele fazer parte do crescimento da empresa de forma genuina.
Além de programas para desenvolvimento da liderança, procure ajudar seu líder a construir uma rotina: acompanhar indicadores do negócio, acompanhar os planos de desenvolvimento do time, ficar por dentro dos movimentos de mercado e concorrência, acompanhar a rotina do time, além de planejar e executar estratégias para o negócio.
Uma liderança bem orientada e desenvolvida é a cereja do bolo!
No primeiro tópico, falamos sobre a persona, que geralmente é criada para saber mais do cliente potencial para o negócio, conhecer os seus desejos, os seus sonhos e etc.
Assim como se investe energia para saber mais a respeito do seu cliente, você deve fazer o mesmo com seu funcionário. Procure conhecer quais benefícios fazem mais sentido para o seu time.
Vamos retomar o nosso exemplo de persona? Um jovem de 22 anos, que trabalha no shopping, cursando sua primeira graduação. Quais benefícios seriam valiosos e importantes para ele?
– Uma parceria para oferecer um desconto na faculdade?
– Uma bolsa para um curso de inglês?
– Parceria com aplicativos que oferecem serviços para cuidar da saúde, qualidade de vida e bem-estar?
– Ou que tal partir para o benefício flexível e dar liberdade para seu funcionário usar o benefício como ele achar melhor?
Sabendo disso, você consegue oferecer benefícios que sejam a tradução real da palavra e que estejam alinhados com o que ele realmente precisa.
Se você trabalha com o varejo, vai concordar comigo, a rotina é intensa. Quem nunca ouviu “Ah, trabalhar em shopping não tem hora para acabar!”?
Para evitar a sobrecarga de trabalho é importante acompanhar alguns indicadores da jornada de trabalho, além de saber como anda a saúde mental e física dos seus funcionários.
Acompanhar o relatório de hora extra é fundamental. Claro, vez ou outra, precisamos ficar um pouco mais, o problema é quando deixa de ser uma exceção e se torna frequente.
Ao lidar diretamente com o público, você precisa estar sempre disponível. Imagina um shopping, você precisa ter vendedores disponíveis das 10h às 22h e se não tiver uma boa organização na escala de funcionários, eles precisam fazer hora extra para que a loja se mantenha aberta.
Por isso, é essencial uma boa gestão da escala de horários e o cálculo correto da quantidade ideal de vendedores para atender o fluxo de clientes e/ou alcançar a produtividade almejada no seu negócio. Além disso, procure investir em parcerias que incentivem seus colaboradores a fazerem exercícios físicos e cuidar da saúde mental, o Gympass é um ótimo exemplo.
A sobrecarga de trabalho é um assunto sério e pode ocasionar doenças, como a Síndrome de Burnout. É importante lembrar que o líder deve ter um olhar cuidadoso e empático com relação a este tema e, se necessário, procurar ajuda de um profissional da área da saúde.
Cuidar da retenção de pessoas no varejo é quebrar alguns tabus: “o RH que cuida das pessoas” ou “no varejo é assim mesmo”. Aprendemos que o que motiva as pessoas a permanecerem na empresa é o ambiente que você proporciona à elas. Você precisa contribuir para o desenvolvimento do seu funcionário, conectar o seu propósito ao dele e impactar não só sua vida profissional, mas a sua jornada de vida!
Agora que você conhece os 5 pilares essenciais para reter as pessoas no varejo e as ações que pode implementar, que tal se aprofundar no tema e criar o seu plano de ação?
A partir do que aprendeu neste post, liste quais ações você irá colocar em prática e como fará isso. Use o modelo 5w2h descrevendo o que você vai fazer, por que, onde, quem, quando, como e quanto irá gastar (apenas se envolver algum custo). Clique aqui e veja um modelo indicado pelo Sebrae.
Caso queira se aprofundar em conteúdos do universo de varejo, acompanhe o blog da Inside the Box, clique aqui para ler mais.
Camila Zacchi Braga
Especialista em Gente e Cultura